Amor ao próximo, realização do Reino de Deus

26-12-2011 15:13

 


Papa Bento XVI
No entanto, durante sua paixão, reivindicou uma realeza singular diante de Pilatos, que o interrogou explicitamente: «Tu és rei?», e Jesus respondeu: «Tu o dizes, sou rei» (Jo 18, 37); pouco antes, porém, Ele havia declarado: «Meu reino não é deste mundo» (Jo 18, 36).

Queridos irmãos e irmãs,

Celebramos hoje, último domingo do ano litúrgico, a solenidade do nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Sabemos pelos evangelhos que Jesus rejeitou o título de rei quando este se entendia em sentido político, no sentido dos «chefes das nações» (cf. Mt 20, 24). No entanto, durante sua paixão, reivindicou uma realeza singular diante de Pilatos, que o interrogou explicitamente: «Tu és rei?», e Jesus respondeu: «Tu o dizes, sou rei» (Jo 18, 37); pouco antes, porém, Ele havia declarado: «Meu reino não é deste mundo» (Jo 18, 36). A realeza de Cristo, de fato, é revelação e atuação da de Deus Pai, que governa todas as coisas com amor e com justiça. O Pai confiou ao Filho a missão de dar aos homens a vida eterna amando-os até o sacrifício supremo, e ao mesmo tempo lhe conferiu o poder de julgá-los, desde o momento em que se tornou Filho do Homem, semelhante a nós em tudo, menos no pecado.

O Evangelho de hoje insiste precisamente na realeza universal de Cristo juiz, com a estupenda parábola do juízo final, que São Mateus colocou imediatamente antes do relato da Paixão (25, 31-46). As imagens são simples, a linguagem é popular, mas a mensagem é extremamente importante: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre o critério com que seremos julgados. «Eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa» (Mt 25, 35), etc. Quem não conhece esta página? Ela faz parte da nossa civilização. Marcou a história dos povos de cultura cristã: a hierarquia de valores, as instituições, as múltiplas obras benéficas e sociais. De fato, o reino de Cristo não é deste mundo, mas leva a cabo todo o bem que, graças a Deus, existe no homem e na história. Se colocarmos em prática o amor ao nosso próximo, segundo a mensagem evangélica, então daremos espaço ao senhorio de Deus, e o seu Reino se realizará no meio de nós. Se, no entanto, cada um pensar somente nos seus próprios interesses, o mundo não poderá não ir à ruína.

Queridos amigos, o Reino de Deus não é uma questão de honras ou de aparências, mas, como escreve São Paulo, é «justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rm 14, 17). O Senhor se importa com o nosso bem, isto é, que todo homem tenha a vida, que especialmente os seus filhos «pequenos» possam participar do banquete que Ele preparou para todos. Por isso, Ele não suporta essas formas hipócritas de quem diz: «Senhor» e depois descuida seus mandamentos (cf. Mt 7, 21). No seu Reino eterno, Deus acolhe todos os que se esforçam dia a dia por colocar em prática a sua palavra. Por isso, Nossa Senhora, a mais humilde de todas as criaturas, é a maior aos seus olhos e se senta como Rainha à direita de Cristo Rei. À sua celeste intercessão queremos recorrer, mais uma vez, com confiança filial, para poder levar a cabo nossa missão cristã no mundo.

[Depois do Ângelus]

Amanhã, no Japão, na cidade de Nagasaki, será realizada a beatificação de 188 mártires, todos japoneses, homens e mulheres, mortos na primeira parte do século XVII. Nesta circunstância, tão significativa para a comunidade católica e para toda a Terra do Sol Nascente, asseguro minha proximidade espiritual. No próximo sábado, além disso, em Cuba será proclamado beato o Irmão José Olallo Valdés, da Ordem Hospitalar de São João de Deus. À sua proteção celeste confio o povo cubano, especialmente os doentes e os agentes sanitários.

 

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